quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Crônica: LEMBRANÇAS


Ás sete horas acordei com o meu celular despertando ao lado da cama. Era uma manhã de segunda-feira, que pensei ser mais um dia de rotina: escola, casa, dormir... Mas por incrível que pareça, eu não ouvi o barulho da chaleira no fogo, nem falaceiras na cozinha, apenas vi a minha mãe na porta do meu quarto, com cara de quem estava perambulando pela casa desde as cinco horas da manhã. Ainda esfregando os olhos e abrindo a boca de sono perguntei o motivo de ela estar ali parada me olhando. Com uma voz meio falhada e com os olhos cheios de lágrimas, respondeu que sua mãe havia falecido. Na hora eu não sabia o que falar, mas dentro todas as coisas que eu podia dizer, escolhi a merda delas: nada, Apenas pedi para ficar sozinha.
Ainda em choque, me levantei para lavar o rosto. Enquanto jogava água fria no rosto para ver se tudo não passava de um sonho, uma lágrima rolou. Sentei no chão, ali mesmo no banheiro e me desabei em lágrimas. Lavei o rosto novamente e fui tomar café.
Cheguei na cozinha e todo mundo estava com "cara de enterro", literalmente.. Fiz um "toddy" e me sentei junto de meus pais, que não trocaram uma palavra o café inteiro.
Quando me levantei da mesa, minha mãe levantou a cabeça e anunciou que eu não compareceria à aula. Só acenei que sim com a cabeça e me dirigi ao meu quarto para me trocar, pois iríamos ver a vovó.
No carro não falamos nem um "ai", chegamos ao velório e o corpo ainda não havia chegado. Mas não demorou muito para eu ver a pior cena da minha vida, desde então. Minha mãe avistou seus três irmãos e mais dois desconhecidos trazendo sua mãe do carro funeral. Sua pele ficou branca e suas pernas amoleceram, não tinha forças para gritar, mas o sofrimento transparecia no seu rosto esbranquiçado. eu fiquei parada, querendo gritar.
Junto de minha mãe estava o meu pai, com as mãos em seu ombros, dando-lhe forças e segurança, e se dirigiram aonde iam velar minha queria avó.
Ficamos la quase a tarde toda. minha mãe e seus três irmãos não saíram dali um minuto se quer, e eu estava sem coragem de ver minha avó assim, queria guardar uma boa imagem dela, rindo, falando comigo...
O enterro estava marcado para as dezoito horas. Nos dirigimos atrás do caixão em um tipo de carreata.
O enterro foi lindo. As palavras de seus amigos presentes, que prestaram sua ultima homenagem, realmente me tocaram. Só ali a ficha caiu que ela não estaria mais comigo.